Os dejetos produzidos na agropecuária devem receber um destino adequado evitando contaminações do meio ambiente. Os biodigestores permitem a adequada destinação dos dejetos, transformando um problema da produção animal em fonte de renda.
Neste conteúdo, explicaremos mais sobre a importância de um descarte correto dos dejetos produzidos nas criações, e também falaremos sobre o funcionamento dos biodigestores. Boa leitura!
A agropecuária e o descarte de dejetos
Desde o início da agricultura e da criação de animais, o homem tem buscado maneiras de descartar os dejetos produzidos pelas atividades agrícolas e pecuárias de forma correta. Isso se tornou ainda mais importante com o aumento da população mundial e o consequente aumento da demanda por alimentos.
Atualmente, um dos métodos mais eficientes para o descarte correto dos dejetos é o uso de biodigestores. Os biodigestores são sistemas que utilizam bactérias para decompor os dejetos e transformá-los em gás metano e água.
Além de ser uma forma eficiente de descartar os dejetos, o metano gerado pelos biodigestores pode ser usado como combustível. O uso dessa solução pode, portanto, ajudar a reduzir as emissões de gases de efeito estufa provenientes da agricultura e da criação de animais.
Sabemos que a agricultura e a criação de animais são atividades indispensáveis para o sustento da população mundial. No entanto, é importante lembrar que essas atividades também podem impactar negativamente o meio ambiente se os dejetos produzidos forem descartados de forma incorreta.
Dessa forma, o uso de biodigestores pode ajudar a minimizar esse impacto negativo, além de fornecer um combustível limpo e renovável. A seguir, conheça um pouco mais sobre esse sistema e seu funcionamento.
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O que são biodigestores?
Biodigestores são câmaras fermentativas que permitem a transformação de matéria orgânica em gás e fertilizante. A matéria orgânica usada no processo pode ser os resíduos provenientes da criação de frangos de corte: a cama e carcaça de animais mortos.
Em média, 1000 aves produzem quatro toneladas de esterco por ano. A cama de frango possui o pH entre 6-7,5; 65-90% de matéria seca, 24-40 toneladas de nitrogênio, 20-35 toneladas de fósforo e 18-35 toneladas de potássio.
Como funcionam os biodigestores?
Os resíduos são armazenados dentro dos biodigestores sem a presença de oxigênio em temperatura por volta de 35ºC. Nessas condições há o desenvolvimento de bactérias que não necessitam do oxigênio, bactérias chamadas de anaeróbias, que promovem a degradação da matéria orgânica.
No processo de biodigestão ocorrem as seguintes etapas:
- Hidrólise: a matéria orgânica é formada por carboidratos, proteínas e lipídios nessa etapa ocorre a quebra dessas substâncias em açúcares solúveis, aminoácidos, ácidos graxos de cadeia longa e glicerina. A quebra é feita por enzimas liberadas pelas bactérias;
- Acidogênese: os produtos resultantes da hidrólise são absorvidos e metabolizados pelas bactérias gerando ácidos graxos voláteis, álcoois, ácido láticos, gás carbônico, hidrogênio, amônia, enxofre entre outros;
- Acetogênese: nessa etapa os produtos gerados na acidogênese sofrem ação bacteriana gerando gás carbônico, hidrogênio, acetato e ácidos orgânicos de cadeia curta;
- Metanogênese: nessa etapa as bactérias produzem metano a partir da redução do gás carbônico e biogás a partir do acetato.
Produtos finais da biodigestão
O biogás formado principalmente de metano e gás carbônico é o produto final da fermentação. São produzidos 0,43m3 de biogás por Kg de esterco seco de galinha.
Esse biogás pode ser utilizado para substituir a energia elétrica na iluminação e em eletrodomésticos utilizados na propriedade. Além disso, podem ser usados em fogões, motores de combustão interna, entre outros.
O outro produto do processo de biodigestão é o biofertilizante, produto inodoro rico em nutrientes para plantas. Biofertilizantes proveniente de esterco de galinhas possui 2,5% de nitrogênio, 1,8% de fósforo e 1,5% de potássio.
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Tipos de biodigestores
Os biodigestores podem ser cilíndricos ou prismáticos, verticais e superficiais (acima do solo). Na maioria das vezes possuem o gasômetro que é uma campânula que armazena o gás desprendido durante a biodigestão.
Ainda são classificados pelo modo de operação em:
Batelada
Quando o resíduo permanece na mesma câmera durante todo processo.
Intermitentes ou contínuos
Permitem o carregamento de forma fracionada, e à medida que se carrega é retirado o mesmo volume do material já digerido. Nesse caso é necessário para digestão de todo material que é colocado dentro do biodigestor que corresponde ao tempo de retenção hidráulica.
O tipo mais comum é o indiano, entretanto o modelo chinês também é amplamente utilizado no meio rural.
Utilizando biodigestores: conclusão
Os biodigestores são equipamentos que permitem a decomposição anaeróbia dos dejetos de animais, produzindo biogás e adubo. A geração de energia a partir do biogás pode ser utilizada para alimentar fogões ou até mesmo gerar eletricidade.
Desse modo, sistemas de biodigestores podem ser construídos em diversos tamanhos e formas, desde pequenos sistemas caseiros até grandes unidades industriais. Como os dejetos de animais são os principais insumos, os biodigestores são comumente usados em fazendas e criações de animais.
Estes são equipamentos relativamente simples, porém, para que funcionem corretamente, é preciso cumprir alguns requisitos:
O primeiro deles é a disponibilidade de matéria orgânica, que pode ser fornecida por dejetos de animais ou resíduos vegetais. O segundo requisito é a ausência de ar, ou seja, os dejetos devem ficar completamente submersos em água, para que a decomposição possa ocorrer de forma anaeróbia.
Os principais benefícios dos biodigestores são a geração de energia (biogás) e o adubo orgânico.
Vantagens da biodigestão:
- Produção de biogás que pode substituir outras fontes energéticas e o gás de cozinha;
- Produção de biofertilizante isento de sementes de plantas daninhas, que pode substituir a adubação química;
- Preservação do meio ambiente.
Fontes:
- Souza, C. F. Manejo e tratamento de resíduos produzidos em instalações zootécnicas. In: III Encontro de Zootecnistas do Norte de Minas, Anais, Montes Claros, p. 35-64, 2007.
- Colen, F. Aproveitamento de resíduos da atividade agropecuária para a sustentabilidade ambiental e energética. In: A produção de leite no norte de Minas Gerais: diagnóstico e propostas para melhoria. Anais, Montes Claros, p. 147-152, 2008.
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