Não é incomum encontrarmos pássaros de ambientes domésticos que apresentam uma condição conhecida como automutilação. Ela pode acontecer com outros animais – cães, gatos – porém no caso dos pássaros, a automutilação acontece direcionada ao arrancamento de penas e até pedaços da pele. Os psitacídeos (papagaios, cacatuas, calopsitas, periquitos) são as aves mais propensas a apresentar a automutilação, que pode ser causada por questões comportamentais ou clínicas.
Os psitacídeos são aves sociáveis, que gostam e precisam de interação agradável com pessoas. Quando isoladas de pessoas, alojadas em ambientes pequenos, insalubres, barulhentos ou inadequados às suas necessidades, esses animais podem desenvolver sintomas de stress, que podem se manifestar na forma de automutilação. São seres sensíveis a mudanças de ambiente ou na ordem familiar, como a chegada de um novo membro da família ou animal de estimação. Portanto, devem ter um espaço confortável, abrigado de calor e frio excessivos, enriquecido com brinquedos adequados e em local onde possam visualizar e interagir com pessoas. Lembrando que pássaros também podem ser adestrados através do método de Adestramento Inteligente, utilizando recompensas alimentares como pedacinhos de frutas e ração, é possível ensiná-los alguns truques, como subir e descer da mão, entrar e sair da gaiola, pegar pequenos objetos com o bico; isso melhora a relação com as pessoas e é uma atividade agradável e lúdica para essas aves.
Outros fatores que causam a compulsão por arrancar as penas são problemas de saúde, como parasitas, alergias, infestações fúngicas na pele ou no trato respiratório, disfunções hormonais e nutricionais. Descobrindo e tratando adequadamente o problema de saúde, a automutilação pode cessar. Porém, muitas vezes, o comportamento de arrancar as penas inicia-se por conta de um problema de saúde, e depois se torna um hábito, o que é difícil de tratar depois de já estabelecido.
É importante que, ao primeiro sinal de automutilação e compulsão, o pássaro seja examinado por um veterinário, para analisar as possíveis causas. Quanto mais rápido inicia-se o tratamento, maiores as chances de sucesso e cura. De uma forma geral, aliando o tratamento clínico e a modificação comportamental, as chances de melhora e aumento da qualidade de vida do pássaro compulsivo são muito maiores. Portanto, fique atento, interaja, treine e cuide bem da saúde do seu pássaro, o que lhe garantirá um companheiro alegre, saudável e equilibrado.