Carrapato Bovino: o terror das Raças Taurinas

O carrapato mais comum dos bovinos é conhecido como Boophilus microplus. Sua origem é a Ásia, precisamente da Índia e Ilha de Java.

Sua disseminação se deu por meio das Expedições Exploradoras, com as transferências de animais e mercadorias.

Esse carrapato causa grandes prejuízos à pecuária brasileira, principalmente nas regiões onde se criam raças taurinas (gado europeu) e seus cruzamentos.

No entanto, nas regiões com predominância de gado zebuíno este parasita não deve ser desconsiderado, pois, nas situações especiais de manejo que levam os animais ao estresse, sua presença torna-se importante não só como agente espoliativo (faz as pele descamar) e tóxico, mas também pela transmissão da tristeza parasitária bovina (TPB).

Principais problemas causados pelo carrapato bovino

  • Ingestão de sangue que, dependendo da infestação, pode comprometer a produção de carne e leite.
  • Inoculação de toxinas no hospedeiro promovendo diversas alterações e conseqüências fisiológicas.
  • Lesões no couro do animal, resultando em cicatrizes irreversíveis e posteriores infestações por miíase cutâneas ‘’bicheiras’’.
  • Transmissão de agentes infecciosos, principalmente Anaplasma e Babesias, responsáveis pela “tristeza bovina”.

Ciclo Evolutivo

O Carrapato-de-boi é um parasita que só utiliza um hospedeiro em seu ciclo evolutivo e apresenta duas fases: a fase não parasitária, que se realiza no solo e na vegetação, e a fase parasitária, realizada no corpo do hospedeiro. Sobre o animal estão os carrapatos machos e fêmeas que se acasalam na fase adulta.

Após o acasalamento, as fêmeas podem ingerir até 2 mililitros de sangue durante sua alimentação sobre o hospedeiro. Após a ingestão , desprendem-se do animal e  procuram ambientes úmidos e ao abrigo da luz.

A fase parasitária, com duração média de 23 dias, inicia-se com a fixação das larvas em hospedeiro suscetível e termina quando os adultos, incluídas as fêmeas fecundadas e ingurgitadas, desprendem-se desse hospedeiro.

O início e o término do ciclo dão-se quase sempre no pasto, onde geralmente se integram o parasita, o hospedeiro e o ambiente comum a ambos.

Neste ambiente, os fatores clima, vegetação, densidade animal, raça etc., influenciam na sobrevivência do carrapato. O combate tem sido feito, na maioria das vezes, de forma inadequada, restringindo-se quase que exclusivamente a sua fase parasitária.

Controle (Segundo a Embrapa para Gado-de-Corte)

O combate ao carrapato torna-se necessário tanto em áreas onde se verificam grandes infestações durante todo o ano, quanto em áreas com baixa infestação mesmo em algumas épocas do ano.

Nas áreas com grandes infestações, os danos diretos e indiretos produzidos pelo carrapato levam a grandes prejuízos e, nas áreas com baixa infestação e restrita a algumas épocas do ano, os prejuízos causados pela “tristeza parasitária” assumem grandes proporções.

Em função do ciclo biológico, existem duas alternativas para o controle: fora do hospedeiro e sobre o hospedeiro.

Controle fora do hospedeiro

Introdução de espécies de gramíneas com poder de repelência e ou ação letal ao carrapato, alteração de microclima, uso de agentes biológicos etc.

Este controle consiste na retirada dos animais da pastagem, até que todas ou a maioria das larvas sejam eliminadas por causas naturais.

Algumas espécies de forrageiras têm influência na sobrevivência das larvas nas pastagens, porque, em função da forma de crescimento e características específicas de cada uma, há formação de um micro-ambiente, que resulta em repelência ou morte das larvas. Dentre estas, destacam-se o capim-gordura, o andropógon, o capim-elefante, os estilosantes (Stylosanthes spp.).

A queima de pastagens assim como a aplicação de acaricidas nas pastagens eram alternativas para o controle do parasito, entretanto, sabe-se hoje sobre os malefícios dessa prática à fauna e flora, até mesmo da sua inviabilidade econômica.

Controle sobre o hospedeiro

O combate ao carrapato sobre o hospedeiro é feito pelo uso de raças resistentes,  e de químicos (carrapaticidas).

Os grupos químicos utilizados de carrapaticidas, hoje disponíveis, como os organofosforados, as formamidinas, os piretróides e as avermectinas.

Os produtos carrapaticidas constituem uma opção que melhor resultado oferece ao produtor no combate ao carrapato. A escolha e o uso correto, tanto nas concentrações e na dose por animal, quanto na frequência de aplicação, assim como a mudança de produto quando necessária, são fatores preponderantes para a obtenção de resultados esperados.

A aplicação desses produtos é feita por meio de pulverização, imersão, dorsal (pour-on e spot-on) ou injetável, no caso das avermectinas.

Recomendações Técnicas

  • Como estratégia de aplicação dos carrapaticidas em bovinos na região Centro-Oeste, a Embrapa Gado de Corte recomenda aplicações no início do período chuvoso (setembro/outubro), repetindo-se por mais três vezes em intervalos de 14 ou 21 dias ou, após a primeira aplicação, transferir os animais para pastagens limpas de carrapatos. Para os demais produtos, respeitar os intervalos entre os tratamentos, determinados pelos fabricantes.
  • Quem explora os zebuínos, em condições extensivas, não tem que se preocupar com esse parasito, a não ser com animais jovens, nas situações especiais de manejo  ou quanto aos danos no couro.
  •  A aplicação correta dos carrapaticidas, quanto à concentração, dose, época, intervalo etc., é a única forma capaz de retardar por tempo considerável o surgimento de populações de carrapatos resistentes aos carrapaticidas, problema já em evidência nas propriedades de Mato Grosso do Sul. O primeiro sinal do aparecimento da resistência é quando um produto, aplicado de forma correta, não causa a morte dos carrapatos. Nesse caso, o produtor deve buscar orientação do médico-veterinário para que proceda o teste de sensibilidade dos carrapatos aos carrapaticidas (biocarrapaticidograma). A correta forma de combate ao carrapato maximiza os lucros do produtor, bem como das cadeias produtivas da carne, do leite e do couro, como ocorre também nos casos onde há necessidade de entrar com algum medicamento ou tratamento mais específico para qualquer doença.

Fontes:

  • https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1107102/controle-estrategico-dos-carrapatos-nos-bovinos
  • GRISI, L.; MASSARD, C. L.; MOYA BORJA, G. E.; PEREIRA, J. B. Impacto econômico das principais ectoparasitoses em bovinos no Brasil. A Hora Veterinária, v. 21, n. 125, p. 8-10, 2002.
  • VERíSSIMO, C. J.; MACHADO, S. G. Fase de vida livre do ciclo evolutivo do carrapato Boophilus microplus. Zootecnia, Nova Odessa, v. 33, n. 2, p. 41-53, 1995.

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