O manejo de transporte é um dos processos mais estressantes e que, todos os suínos destinados ao abate são submetidos ao final da fase de terminação. É responsabilidade dos técnicos garantir o bem-estar dos animais, desde o seu desmame até o seu abate.
O esforço físico, mudança de ambiente e exposição a ruídos, além de fatores intrínsecos ao transporte, tais como densidade de lotação, tempo da viagem e estrutura do veículo são as principais causas de estresse e incidência de características negativas para a carcaça (OSMAR et al., 2012; FORDE, 2009).
O embarque tem como pré-requisitos a apresentação do GTA (Guia de Transporte Animal), boletim sanitário do lote e notas fiscais do produtor contendo a origem e destino dos animais. O procedimento de jejum, cerca de 10-12 horas antes do embarque também é essencial para evitar mortalidade por estômago cheio (asfixia causada pela regurgitação) e contaminação da carcaça por extravasamento, além de ser eficiente na diminuição da quantidade de dejetos no caminhão de transporte e na facilidade de locomoção dos animais durante o embarque (OSMAR et al., 2012).
Segundo LEWIS E MCGLONE (2007) o número de animais manejados durante o embarque influencia no grau de estresse; identificaram em estudo que o embarque realizado com grupos de 5-6 animais causava menores taxas de alterações metabólicas (frequência cardíaca, por exemplo) do que quando manejados em grupos de 10. Além disso, animais que já tiveram experiências anteriores com o caminhão de transporte apresentam menores respostas de estresse e dificuldade de manejo (FORDE, 2009).
O momento de embarque, um dos momentos mais críticos do manejo pré-abate, onde existe uma forte interação homem-animal e alterações significativas no ambiente ao qual os animais são submetidos, sendo extremamente proibido o uso de bastão elétrico (choque), chutes, ferrões e outros objetos agressivos que possam causar lesões ou sofrimento (OSMAR et al, 2012).
As recomendações de densidade apresentam um dos principais fatores levados em consideração no manejo de embarque e transporte para reduzir a mortalidade e escoriações.
Diversos estudos (GUISE e WARRIS, 1989; GADE e CHRISTENSEN, 1998) comparando os níveis de densidade de lotação indicam que a Creatina- Fosfoquinase (CPK), enzima envolvida no processo metabólico de obtenção de energia, é potencialmente maior quando em altas densidades, além da influência do tempo de viagem; com resultados significativos para tempo de transporte superior a 3h; facilitando condições de exaustão, estresse e prolapsos. A densidade considerada ideal para suínos em terminação é estimada em 250 kg/m2 (RITTER et al., 2006; FORDE, 2009).
O veículo também deve ser adequado, facilitando o embarque e desembarque e fornecendo condições favoráveis de piso, controle climático e higiene.
É importante planejar o embarque de animais do mesmo lote, uma vez que devido ao comportamento de hierarquia social a formação de um novo grupo causaria o aumento da agressividade e, como consequência, o acréscimo de lesões na carcaça e estresse (GOSALVEZ et al., 2006; FORDE, 2009).
Sendo assim, todos os procedimentos envolvidos no manejo de transporte e pré-abate devem ser respeitados e realizados da melhor maneira possível, garantindo que em todas as fases de criação o suíno contenha e preserve um estado corporal e psicológico saudáveis, ao fim de reduzir perdas quantitativas e qualitativas da carcaça e evitar o sofrimento dos animais.
Desta forma, garante-se também a rentabilidade do produtor e da agroindústria e as exigências de mercado para um produto de qualidade e criado dentro das normas de bem-estar.
Fonte:
- OSMAR A.D.C, CIOCCA, J.R.P., RIBAS, J.C.R., LUDTKE, C.B., PARANHOS DA COSTA, M.J.R. Boas práticas no embarque de suínos para abate. Concórdia: Embrapa Suínos e Aves, 2012.50 p.; 21cm. – (Documentos/Embrapa Suinos e Aves, ISSN 0101-6245; 137). Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/
- FORDE, Jeremy N.M.; FORDE, Ruth M.. Welfare of Pigs During Transport and Slaughter. In: FORDE, Jeremy N .M. The Walfare of Pigs.7. ed. USA: Springer, 2009. Cap. 10. p. 301-330.
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