O conforto térmico ambiental pode hoje, ser considerado um problema de importância primária, principalmente do ponto de vista produtivo, uma vez que tem forte influência nas respostas fisiológicas dos animais (BARROS et al., 2010).
Os suínos são animais homeotermos, ou seja, possuem sua temperatura corpórea interna constante através de variações fisiológicas, comportamentais e metabólicas, aumentando a temperatura corporal quando a temperatura diminui ou perdendo calor para o meio em situações de estresse calórico.
No entanto, suínos não são eficientes na perda pela superfície da pele, uma vez que suas glândulas sudoríparas são praticamente não-funcionais, utilizando-se principalmente dos processos de condução, convecção e radiação (FIALHO et al, 2001).
A produção total de calor (PTC) está associada com o aumento da deposição do tecido magro, para diferentes genótipos de suínos, expresso em função do músculo, gordura e vísceras.
O calor adicional produzido por suínos com alta deposição de tecido magro, em crescimento, aumenta a dificuldade para a manutenção da homeotermia em ambientes amenos ou quentes, sendo um ponto negativo para as novas linhagens, melhoradas para ganho de tecido magro e alto rendimento, porém com maior susceptibilidade ao estresse calórico (BROWN-BRANDL et al., 2001).
Sabendo que os suínos, assim como todos animais homeotérmicos, possuem uma faixa de temperatura neutra ou zona ótima de conforto térmico, e qualquer variação acima ou abaixo desta faixa poderá causar o desconforto térmico e estresse, seja por altas ou baixas temperaturas.
Isto pode culminar no maior gasto energéticos dos animais para a manutenção da homeostase corporal e, consequentemente refletido na menor eficiência produtiva. Além disso, a temperatura de termoneutralidade em suínos varia ao longo do seu desenvolvimento.
Segundo FERREIRA (2001), a habilidade de leitões recém-nascidos para regular sua temperatura corporal é limitada, principalmente por causa do seu incompleto desenvolvimento hipotalâmico, o que é agravado pela pequena camada de gordura subcutânea e pelas poucas reservas corporais de glicogênio, sendo indispensável o uso de escamoteadores e fontes de aquecimento, são imprescindíveis para auxiliar na manutenção da homeotermia.
A resposta imediata dos suínos ao estresse por altas temperaturas consiste na redução do consumo voluntário e atividade física, o que provoca a redução nas taxas de ganho de peso e maior tempo necessário para atingir o peso de abate. Os pesquisadores RINALDO et al (2000), NIENABER e HAHN (1983) e QUINIOU et al. (2000), demonstraram em seus estudos a quantitativa perda de consumo de suínos submetidos ao estresse calórico.
Para tanto, os técnicos devem estar atentos ao controle dos fatores climáticos, sendo o Brasil um país tropical, as instalações zootécnicas devem ser adequadas para tais condições, respeitando a densidade animal, controle de ventilação, movimento do ar, tipo de piso e também o manejo de arraçoamento – utilizando-se de dietas adequadas para cada situação e fase de vida do animal, priorizando o uso de aminoácidos sintéticos em substituição de parte da proteína proveniente do farelo de soja, uma vez que são comprovadamente mais eficientemente utilizadas pelo suínos submetidos a estresse calórico.
O uso de gordura como alimento energético também é positivo, devido ao seu menor potencial de incremento calórico. Ainda, o fornecimento de rações líquidas ou úmidas pode melhorar o consumo nos períodos quentes do ano.
Por fim, o estresse calórico demonstra-se em todos os sentidos um fator de importância na criação de suínos, que deve ser evitado, uma vez que provoca distúrbios de comportamento, afetando negativamente o desempenho (consumo de ração, ganho de peso, conversão alimentar) e alterando a fisiologia (peso de órgãos, utilização de proteína e de energia e deposições diárias de proteína e de gordura na carcaça, frequência respiratória e as temperaturas retais e de superfície) dos suínos em fase de crescimento (KIEFER et al., 2009)
Fontes:
- BARROS et al. Aspectos Práticos da Termorregulação Em Suínos. Maringá: Nutrime, v. 7, n. 3, 5 jun. 2010. Disponível em: <www.nutrime.com.br>. Acesso em: 09 abr. 2015.
- BROWN-BRANDL et al. Livest. Prod. Sci.71:253,2001
- KIEFER, C., B.C.G. MEIGNEN, J.F. SANCHES e A.S. CARRIJO. Resposta de suínos em crescimento mantidos em diferentes temperaturas. Archive Zootecnia, v.58, p. 55-64. 2009.
- FIALHO et al. Interações ambiente e nutrição – estratégias nutricionais para ambientes quentes e seus efeitos sobre o desempenho e características de carcaça de suínos. Concórdia, SC, Bra, 2001. Disponível em: < http://www.cnpsa.embrapa.br/sgc/sgc_publicacoes/anais01cv2_fialho_pt.pdf>. Acesso em 09.abril, 2015.
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